Isso significa que se eu publicar em meu blog esse quadrinho do JR Mora, estarei isento da crítica implícita. Por isso seguirei opinando sobre o que não me diz respeito, nem sobre o que não me perguntaram, porque agora estou imune. Pode parecer que não, mas é assim que funciona. Estou falando de blogueiros? Claro que não. Problemas se discutem na origem, certo? Perde-se tempo avaliando consequências, se a pretensão é entender suas razões. Sabemos que o cinismo, ironia, sarcasmo, isso tudo não surgiu no século passado. Mas, a título de recorte, digamos que a Televisão inculcou na consciência dos telespectadores que a autocrítica, se levada na brincadeira e feita contra si mesmo, isso redime o sujeito passível dela pelos outros. Por isso, desde o princípio, a televisão já zombava de si mesma.
Hoje, vemos alguns retardatários aplicando essa tática, seja em suas obras artísticas, seja em suas propagandas descartáveis, programas rasos, opiniões sem fundamento, etc. E o pior é que isso se tornou um pensamento tão enraizado, que hoje se aplica essa espécie de raciocínio automatizado e pouco se percebe. Aquela história, eu tento criticar ‘por tabela’ os outros e não percebo que recaio na própria crítica que faço. Por isso que a autocrítica é tão necessária em épocas como essa. Continua no próximo post:
2 comentários
Apesar dos pesares, a charge é ótima! rs
Não vejo problema algum em opinarmos sem que alguém tenha perguntado, mas hoje em dia, como diz Woody Allen, everybody’s happy to talk… full of misinformation.
*vou ler o arquivo Television and U.S. Fiction.
Problema não há, de fato, mas depois que virou lugar comum, qualquer juízo emitido acaba se tornando só mais um. Pior: há público pra isso. Pior ainda: a opinião mais densa e profunda acaba sendo desprestigiada.
É aquele cálculo pra quase tudo: quanto mais esforço exige de mim, menos me dedico. Por isso que a sentença “achei uma merda” tem mais sucesso que qualquer artigo com mais de três parágrafos fundamentados (rs).